Should presentations in Portuguese be allowed in ELT Conferences in Brazil?
Scene 1: Big conference in Brazil. The speaker, a Brazilian, goes onto the stage to begin her plenary session. While she speaks, you notice she makes some mistakes, pronunciation mistakes, grammar mistakes, but the content of her presentation is relevant and she manages to get her message across. At the end of her talk, you hear teachers, the vast majority of them Brazilians, commenting on the mistakes and criticising the presenter.
Scene 2: Same big conference. The presenter on the stage is not a native speaker of English, and is not Brazilian, either. She is an experienced professional who has worked in several parts of the world and has a lot to contribute to our field. Her presentation is thought provoking and pertinent. At the end of her talk, you hear teachers commenting on her pronunciation and making fun of her accent.
ELT events are a must for every teacher and it is amazing to see that the number of conferences has increased enormously in recent years, largely due to the efforts of the very hardworking volunteers who organise them. In all of them, however, presentations have to be in English.
Although the concept of English as a Lingua Franca (ELF) is widely discussed and we see how ELF has been having a great impact in course materials, I wonder if we actually put it into practice when it comes to ELT events or if we still look for the ‘perfect native’ model as the scenes above would indicate. It is undoubtedly true that one of the reasons many of us attend events is to practice our English and listening to speakers is a way of doing that. However, conferences are not the same as lessons, and in a conference it is the content of the talk that matters the most. If the delivery of the message is not perfect, but the message is clear and significant, does the fact that speakers make language mistakes really matter? What impact do reactions like the ones described in the scenes above have on people who have never presented in conferences but would like to?
These reflections motivated me to ask the question in the title of this post: “Should presentations in Portuguese be allowed in ELT Conferences in Brazil?”. My answer would be “Why not?”. I fear that being too strict and not allowing such presentations prevents us from learning from great professionals – with great ideas – who might not feel confident enough to face an audience and speak English. I still remember my first conference presentation, about 20 years ago, and it was not easy. Even today, after dozens of presentations, it is still not easy, but I feel more confident and less worried about the critics. After all, as a non-native, we have to be concerned with the message and the language and that is not a simple thing to do.
Of course, if you present in English, you know you tend to have a larger audience. This is usually what happens in international academic events in Brazil. You choose the language you want but must be aware that presenting in Portuguese will limit the number of attendees in your session. However, allowing presentations in professionals’ L1 might give those with less experience a chance to build on their presentation skills by focusing only on the content and perhaps they will become less timid or self-conscious over time, ultimately feeling ready to present in English.
Maybe it’s time to become more flexible when it comes to conference rules and to incorporate the principles of ELF more wholeheartedly by being less harsh on speakers. I see only advantages to this approach.
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Apresentações em português devem ser permitidas nas conferências de ELT no Brasil?
Cena 1: conferência importante no Brasil. A palestrante, uma brasileira, sobe ao palco para iniciar sua sessão plenária. Enquanto ela fala, você percebe alguns erros de pronúncia, erros de gramática, mas o conteúdo de sua apresentação é relevante e ela consegue transmitir sua mensagem. Ao final da palestra, você ouve professores, a grande maioria deles brasileiros, comentando os erros e criticando a palestrante.
Cena 2: mesma conferência. A palestrante no palco não é falante nativa de inglês e também não é brasileira. Ela é uma profissional experiente que trabalhou em várias partes do mundo e tem muito a contribuir para o nosso campo. Sua apresentação é instigante e pertinente. No final da palestra, você ouve professores falando sobre sua pronúncia e satirizando seu sotaque.
Os eventos de ELT são importantes para todos os professores e é maravilhoso ver que o número de conferências aumentou enormemente nos últimos anos, em grande parte devido aos esforços dos voluntários muito dedicados que os organizam. Em todas elas, no entanto, as apresentações são em inglês.
Embora o conceito de inglês como Lingua Franca (ELF) seja amplamente discutido e nós vejamos como esse conceito tem tido um grande impacto em materiais didáticos, eu me pergunto se nós realmente o colocamos em prática quando se trata de eventos ELT ou se ainda procuramos o modelo “nativo perfeito” como as cenas acima parecem indicar.
Sem dúvida, é verdade que uma das razões pelas quais muitos de nós vamos a eventos é para praticar inglês e ouvir os palestrantes é uma maneira de fazer isso. No entanto, conferências não são o mesmo que aulas, e em uma conferência é o conteúdo da palestra que mais importa. Se a transmissão não é perfeita, mas a mensagem é clara e significativa, o fato de que os falantes cometem erros de linguagem é? Qual o impacto de reações como as descritas nas cenas acima sobre pessoas que nunca apresentaram em conferências, mas gostariam de fazê-lo?
Essas reflexões me motivaram a fazer a pergunta no título deste post: “Apresentações em português devem ser permitidas nas conferências de ELT no Brasil?”. Minha resposta seria “Por que não?” Temo que ser muito rigoroso e não permitir tais apresentações nos impede de aprender com grandes profissionais – com grandes ideias – que podem não se sentir confiantes o suficiente para enfrentar um público e falar inglês. Ainda me lembro da minha primeira apresentação em uma conferência, há cerca de 20 anos, e não foi fácil. Ainda hoje, depois de dezenas de apresentações, ainda não é fácil, mas me sinto mais confiante e menos preocupada com as críticas. Afinal, como não nativos, temos que nos preocupar com a mensagem e a língua, e isso não é uma coisa simples de se fazer.
Claro que se a apresentação for em inglês, seu público será provavelmente maior. Isso geralmente é o que acontece em eventos acadêmicos internacionais no Brasil. Você escolhe o idioma, inglês ou português, mas deve estar ciente de que a apresentação em português limitará o número de participantes na sua sessão. No entanto, permitir apresentações na nossa língua pode dar aos professores com menos experiência uma chance de desenvolver suas habilidades de apresentação, concentrando-se apenas no conteúdo, e talvez se tornem menos tímidas ou autocríticas com o tempo, sentindo-se prontas para apresentar em inglês. Talvez seja hora de sermos mais flexíveis quando se trata de regras em conferência e incorporarmos os princípios da ELF de maneira mais honesta, sendo menos rigorosos com os palestrantes. Eu só vejo vantagens nessa abordagem.