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Como ajudar meus filhos com a tarefa de inglês?

Peço licença aos colegas professores, mas neste texto gostaria de me dirigir aos pais e responsáveis. Recebi essa pergunta do título ao longo dos últimos anos e faço questão de dar bastante atenção a ela porque vejo essa preocupação com muito carinho. Transbordam evidências na literatura mostrando que o engajamento parental em atividades escolares se correlaciona positivamente, não apenas com desempenho acadêmico, como também com ajuste socioemocional e autoestima do aluno (mais informações, ver 1).

Essa pergunta merece uma atenção especial porque ela normalmente parte de pais e responsáveis que desejam prover aos seus pequenos uma oportunidade que eles mesmos não tiveram quando mais jovens – aprender um segundo idioma. Entretanto essa ajuda acaba sendo frustrada uma vez que eles não têm domínio suficiente para entender o conteúdo ou mesmo as instruções. Hoje, a maioria dos centros de ensino usam materiais de editoras internacionais com instruções apenas em inglês, então como fazer para ajudar?

A saída normalmente é o Google Translate. A tradução automática é um excelente recurso de apoio, principalmente por causa da agilidade com a qual ela soluciona problemas de comunicação. Eu não me oponho ao uso do tradutor em si desde que ele não se torne um hábito e substitua a necessidade do aluno se organizar para não precisar desse tipo de apoio (afinal, dentre os grandes objetivos de aprender idiomas está a independência).

Professores passam tarefa de casa por diversos motivos. Vários estudos exploram a relevância de atividades de casa e apresentam seus resultados de forma crítica; eles argumentam que atividades de casa precisam ter propósitos bem definidos para causar os efeitos desejados, caso contrário podem incorrer em desmotivação, queda de desempenho acadêmico, aumento de estresse, entre outros (para mais informações, ver 2 e 3). Entretanto, o motivo mais relevante listado por professores para passar tarefas de casa é o favorecer que alunos desenvolvam organização e autonomia.

Por isso, eu normalmente oriento pais e responsáveis a refletirem, não sobre a forma como eles conseguem auxiliar seus filhos diretamente na execução da tarefa, mas sim como os alunos conseguem melhor se organizar para não precisar desse tipo de suporte no futuro. Tarefa de casa, além de prática extra, é uma oportunidade que os alunos têm de planejar, executar e avaliar os próprios estudos.

Se seu filho não tem clareza do que fazer na tarefa, não tem problema usar tradutores automáticos como ajuda, mas procure adicionar os seguintes passos:

  • Pergunte da forma mais neutra e amigável possível o que houve para que eles não se lembrassem da tarefa. Foi uma distração? Foi falta de lugar para anotar? Foi falta de instrução do professor? Lembre-se que a intenção aqui não é ocasionar uma briga, mas sim entender melhor os motivos da dificuldade.
  • Proponha uma solução compartilhada. Ela pode ser simples como “anotar mais informações no topo da página” ou complexa como “adquirir um planejador de tarefas”. Só lembre-se que a solução precisa ser a mais sucinta, eficaz e sustentável possível. Beleza é opcional. Procedimentos muito complexos tendem a ser difíceis de serem mantidos em médio e longo prazos.

Caso você seja mãe, pai ou responsável e se veja eventualmente nessa situação, faça um favor a si e não se sinta mal por ter essa limitação no idioma. Saibam que o seu esforço de tentar garantir essa oportunidade aos seus pequenos é um gesto admirável e sempre vai ter todo espaço do mundo em qualquer ambiente educacional.

Mais sugestões? Compartilhe nos comentários.

Até a próxima.

  1. Engajamento escolar: Efeito do suporte dos pais, professores e pares na adolescência
  2. Trabalho de casa, tarefas escolares, auto-regulação e envolvimento parental
  3. Escola como extensão da família ou família como extensão da escola? O dever de casa e as relações família-escola
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Arthur Damião Médici

Arthur Médici has been in ELT since 2009, working as an independent teacher since 2013. With a bachelor’s and a master’s degree in Psychology, he has a keen interest in English for Academic Purposes and professionalism for independent teachers.

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